Vāmā Mārga & o Despertar da Kuṇḍalinī
Por Swami
Satyananda Saraswati
Tradução de
Fernando Liguori
Capítulo 14
da obra «Kundalini Tantra», Yoga Publications Trust, 2004
Apresentação
O texto que se segue é uma explicação de meu
paramaguru, Paramahamsa Satyananda Saraswati, acerca do vāmā-mārga ou o
que ficou genericamente e incorretamente conhecido como Tantra da Mão
Esquerda. A intenção em disponibilizar esse texto aos Ocultistas
brasileiros é facilitar o entendimento acerca de nossa doutrina. Eu venho
demonstrando as interpretações incorretas e abusivas do vāmācāra em
textos anteriores como Yoga & Espiritualidade, Tantra,
Neotantrismo & Brahmacarya, Gṛhastha Brahmacarya & o Despertar
da Śakti etc., todos presentes neste blog.
No meio «ocultista» tem havido um crescente
interesse pelo tema magia sexual. O africano P.B. Randdolph e o inglês
Aleister Crowley, o primeiro nos EUA e o segundo na Inglaterra, foram os
primeiros Adeptos do século passado à advogar abertamente o uso mágico da
atividade sexual. Cem anos depois o tema ainda é suspeito no Ocidente e da
mesma forma como no passado, a prática espiritual aliada ao coito tem sido
vulgarizada e deixada ao deszelo por agentes cruéis que fazem deste conhecimento
fonte de mazela, dor e sofrimento. Portanto, o texto de Paramahamsajī aqui
apresenta, com a lucidez aguçada de um mestre desperto, um Chefe Secreto, alguns
pontos que têm sido mantidos sob a névoa da ignorância espiritual.
Em seu livro O Renascer da Magia,
Kenneth Grant demonstrou com destreza a natureza real deste caminho e no livro
que se segue em sequência, Aleister Crowley & o Deus Oculto, o
assunto foi tratado em riqueza de detalhes. Ambos os livros estão sendo
publicados periodicamente neste blog. Mas Grant não escrevia para
principiantes, assim como Crowley antes dele. Muitas das informações contidas
em seus escritos são veladas aos olhos do profano e o resultado é o que temos
visto, o crescimento de um entendimento incorreto da fórmula mágica e portanto
sua destruição pela manipulação bárbara e torpe por aqueles que se dizem
mestres tântricos, mas que não passam de gusanos desfrutando deliberadamente de
seus sentidos desmedidos e desenfreados. Assim, espero que o texto abaixo ajude
a muitos Ocultistas a retomarem o fio da meada neste campo tão poderoso, mas
não menos perigoso, que conhecemos como magia sexual e suas afinidades
com os ritos tântricos da tradição vāmācāra.
Finalmente, gostaria de finalizar com alguns
apontamentos. Uma imersão profunda na tradição tântrica me possibilitou
perceber alguns nuances importantes que anteriormente não eram de valor ou
estima de minha parte. Como praticante de magia sexual, fui indisciplinado.
Isso me levou ao erro por falta de entendimento da importância e relevância
destes nuances que somente fui perceber anos depois. Em poucas palavras, o que
eu quero transmitir é que não é possível ser um Ocultista adepto da magia
sexual sem um treinamento e uma prática constante de técnicas tântricas
fornecidas pelo haṭha-yoga. Magia sexual não pode ser confundida com Tantra.
Mas de qualquer maneira, a magia sexual é uma prática tântrica e como tal, as
técnicas anteriormente mencionadas – e que serão citadas no texto abaixo –
devem ser levadas em consideração. Devem ser executadas com assiduidade
disciplinada para poderem ser aperfeiçoadas. Somente assim a magia sexual
poderá fornecer seus frutos verdadeiros. Portanto, sem medo de erro: se você advoga
ser um praticante de magia sexual e simplesmente desconhece estas técnicas, não
sabe o que está fazendo. E se conhece mas não tem a disciplina e a coragem para
praticá-las, sua obra é pífia e você, um elo fraco da corrente.
Fernando Liguori
A vida sexual tem sido sempre um problema para
a humanidade. Desde o começo da história, a energia primordial tem sido mal
compreendida. Professores religiosos e moralistas têm denunciado isto. Mas a
vida sexual continua, não porque o homem a respeite, mas porque ele necessita
dela. Ele talvez a renuncie, mas ele não pode removê-la de sua mente, porque
ela é um de seus mais poderosos impulsos.
No contexto do Yoga e do Tantra,
a comum definição de vida sexual não tem relevância. É absolutamente não
científico e incorreto. Essa definição tem criado uma sociedade e uma nação de
hipócritas. Tem conduzido milhares de pessoas jovens para dentro de um asilo
mental. Quando você quer algo o qual pensa que é mal, todos os tipos de
complexos de culpa surgem. Isto é o início da esquizofrenia, e todos nós somos
esquizofrênicos em certa medida.
Entretanto, os yogīs têm tentado dar uma
direção correta para o impulso sexual. Yoga não interfere com a vida
sexual. A vida sexual normal nem é espiritual ou não espiritual. Mas se você
pratica Yoga e domina certas técnicas, então a vida sexual se torna
espiritual. Naturalmente, se você segue uma vida celibatária, isto é também
espiritual.
Tantra da Mão Esquerda
A ciência do Tantra tem dois principais
ramos, os quais são conhecidos como vāmā-mārga e dakṣṇa-mārga.
Vāmā-mārga é o caminho esquerdo o qual combina vida sexual com práticas
de Yoga para despertar os centros de energia adormecidos. Dakṣṇa-mārga
é o caminho da direita das práticas de Yoga sem lei sexual. Previamente,
devido às barreiras na vida sexual, o caminho mais largamente seguido foi o dakṣṇa-mārga.
Hoje, entretanto, estas barreiras estão sendo rapidamente quebradas, e o
caminho mais procurado pelas pessoas em todos lugares é vāmā-mārga, a
qual utiliza a vida sexual para o desenvolvimento espiritual.
De acordo com o Tantra, a vida sexual
tem uma proposta tríplice. Alguns praticam-na para procriação, outros por
prazer, mas as práticas tântricas são para o samādhi. Ele não mantém
nenhuma visão negativa sobre isto. Ele a faz como uma parte de seu sādhanā.
Mas, ao mesmo tempo, ele se dá conta que para propostas espirituais, a
experiência deve ser mantida. Ordinariamente, esta experiência é perdida
antes que alguém possa aprofundar-se nela. Dominando certas técnicas,
entretanto, esta experiência pode tornar-se contínua mesmo em todas as parte da
vida diária. Então os centros silenciosos do cérebro são despertados e
começam a funcionar todo o tempo.
A energia principal
A alegação do vāmā-mārga é que o
despertar da kuṇḍalinī é possível por meio da interação sexual entre o
homem e a mulher. O conceito atrás disso segue as mesmas linhas que o processo
de fissão e fusão descritos na física moderna. O homem e a mulher representam a
energia positiva e negativa. Em um nível mental eles representam tempo e
espaço. Ordinariamente, estas duas forças permanecem em polos opostos. Durante
a interação sexual, entretanto, eles movem-se para fora de suas posições de
polaridade, em direção ao centro. Quando eles vêm juntos ao núcleo ou ponto
central, uma explosão ocorre e a matéria torna-se manifesta. Este é o tema
básico da iniciação tântrica.
O evento natural que toma lugar entre o homem e
a mulher é considerado como a explosão do centro de energia. Em todo pontinho
da vida, ela é a união entre os polos positivo e negativo que é responsável
pela iluminação, e a experiência que ocorre neste momento de união é um
vislumbre da alta experiência.
Este assunto tem sido cuidadosamente discutido
em todas as antigas escrituras do Tantra. Verdadeiramente mais
importante do que as ondas de energia que são criadas durante a união mútua, é
o processo de direcionamento dessa energia para os centros mais altos. Todos
sabem como esta energia é criada, mas ninguém sabe como dirigi-la para os
centros mais altos. De fato, muito poucas pessoas tem completo entendimento
positivo desse evento natural o qual quase todas pessoas no mundo experienciam.
Se a experiência conjugal, a qual é geralmente muito transitória, pudesse ser
estendida por um período de tempo, então a experiência de iluminação poderia
ocorrer.
Os elementos que são trazidos juntos nesse
processo de união são conhecidos como Śiva e Śakti. Śiva representa o puruṣa
ou consciência e Śakti representa prakṛti ou energia. Śakti, de
diferentes formas, é representada em toda a criação. Ambos a energia material e
espiritual são conhecidos como Śakti. Quando a energia move-se externamente,
ela é a energia material e quando ela é dirigida interiormente é a energia
espiritual. Entretanto, quando a união entre homem e mulher é praticada de uma
forma correta, ela tem uma influência muito positiva no desenvolvimento da
consciência espiritual.
Mantendo o bindu
Bindu significa
um ponto ou uma gota. No Tantra, bindu é considerado o núcleo, ou
domicílio da matéria, o ponto do qual toda criação torna-se manifesta.
Verdadeiramente, a fonte do bindu são os
mais altos centros do cérebro. Mas devido ao desenvolvimento das emoções e
paixões, o bindu cai para uma região mais baixa onde é transformado em
esperma e óvulo. No nível mais alto, bindu é um ponto. No nível mais
baixo, ele é a gota de líquido, a qual goteja do organismo masculino e
feminino.
De acordo com o Tantra, a
preservação do bindu é absolutamente necessária por duas
razões. Primeiramente, o processo de regeneração pode unicamente ser executado
com a ajuda do bindu. Em segundo lugar, todas as experiências
espirituais ocorrem quando existe uma explosão do bindu. Esta explosão
pode resultar na criação de tudo ou de nada. Entretanto, no Tantra,
certas práticas são recomendadas através das quais o parceiro masculino pode
parar a ejaculação e manter o bindu.
De acordo com o Tantra, a
ejaculação não deveria ocorrer. Alguém deveria ensinar como interrompê-la.
Para este fim, o parceiro homem deveria ter aperfeiçoado as práticas de vajrolī-mudrā
tão bem quanto mūla-bhanda e uḍḍīyāna-bandha. Quando
estes três kriyās são executados com perfeição, a pessoa está apta a parar
a ejaculação completamente em qualquer ponto da experiência.
O ato sexual culmina em uma
particular experiência a qual é alcançada somente no ponto de explosão da
energia.
A menos que a energia exploda, a experiência pode não ocorrer. Mas esta
experiência tem de ser mantida, assim que o nível da energia mantém-se alto. Quando
o nível da energia cai à ejaculação ocorre. Entretanto, a ejaculação é
evitada, não tanto para preservar o sêmen, mas porque isto causa a depressão no
nível de energia.
Para fazer esta energia viajar
para cima através da espinha, certos kriyās do haṭha-yoga
têm de ter sido dominados. A experiência a qual é concomitante de energia tem
que ser elevada para os centros mais altos. Isto somente é possível fazer se
você pode prolongar e manter esta experiência. À medida que a experiência
continua, você pode dirigi-la para os centros mais altos. Mas tão logo o
nível de energia sofra uma depressão, a ejaculação ocorre.
A ejaculação baixa a temperatura
do corpo e ao mesmo tempo, o sistema nervoso sofre uma depressão. Quando o
sistema nervoso simpático e parassimpático sofrem uma depressão, isto afeta o
cérebro. Isto é o que faz muitas pessoas terem problemas mentais. Quando você
pode manter o sêmem sem absolutamente ejacular, a energia no sistema nervoso e
a temperatura em todo corpo são mantidas. Ao mesmo tempo, você está livre do
sentido de perda, depressão, frustração e culpa. A retenção também ajudará você
a aumentar a frequência sexual, e isto é melhor para ambos os parceiros. O ato
sexual não cria fraqueza ou dissipa a energia, pelo contrário, ele pode
tornar-se um meio de expansão da energia. Entretanto, o valor de manter o bindu
não deveria ser subestimado.
No Haṭha-yoga existem certas práticas as
quais devem ser aperfeiçoadas para este fim. Você deveria começar com āsanas
tal como paścimottānāsana, śalabhāsana, vajrāsana, supta-vajrāsana
e siddhāsana. Estas são benéficas conforme elas determinam uma
automática contração nos centros mais baixos. śirśāsana é também
importante porque ventila o cérebro; assim toda a experiência de uma pessoa
será saudavelmente vivenciada. Quando estas posturas tiverem sido dominadas, śambhavī-mudrā
é aperfeiçoada a fim de segurar a concentração firmemente no bhrumadhya.
A prática de kumbhaka é necessária enquanto a ejaculação está sendo
retida.
Retenção do fôlego e o bindu seguem de
mãos dadas. A perda da kumbhaka é a perda do bindu, e a perda do bindu
é a perda da kumbhaka.
Durante a kumbhaka, quando se está
mantendo a experiência, você deveria poder direcionar isto [o bindu] para
os centros mais altos. Se você pode criar um arquétipo desta experiência,
talvez na forma de uma serpente ou de uma continuidade luminosa, sequencial,
então o resultado será fantástico. Assim, na vida espiritual, o bindu
deve ser preservado a todo custo.
A experiência feminina
No corpo da mulher, o ponto de concentração é o
mūlādhāra-cakra, o qual está situado no colo do útero, justamente
atrás da abertura vaginal. Este é o ponto onde espaço e tempo unem-se e
explodem na forma de uma experiência. Esta experiência é conhecida como orgasmo
na linguagem ordinária, mas na linguagem do Tantra ela é chamada um
despertar. Para manter a continuidade da experiência, é necessário que o
desenvolvimento da energia ocorra em um particular bindu ou ponto.
Usualmente isso não acontece, porque a explosão de energia dissipa o corpo
totalmente através do sexo médio, moderado. Para evitar isto, a mulher deve
poder segurar sua mente em concentração absoluta neste ponto particular. Para
isto, a prática é conhecida como sahajolī-mudrā.
Verdadeiramente, sahajolī é a
concentração no bindu, mas isto é muito difícil. Entretanto, a prática
de sahajolī, a qual é a contração da vagina tanto quanto dos músculos do
útero, deveria ser praticada por um longo período de tempo.
Se as meninas são ensinadas a fazer uḍḍīyāna-bandha
cedo, elas aperfeiçoarão sahajolī muito naturalmente com o tempo. Uḍḍīyāna-bandha
é sempre praticado com retenção externa. É importante poder fazê-la em qualquer
posição. Usualmente, ela é praticada em siddha-yoni-āsana,
mas a pessoa deveria poder fazê-la em vajrāsana ou na várias outras
posturas também. Quando você pratica uḍḍīyāna-bandha, os outros dois
bandhas – jālaṃdhara e mūla-bandha ocorrem espontaneamente.
Anos desta prática criarão um
aguçado senso de concentração no correto ponto no corpo. Esta
concentração é de natureza mais mental, mas ao mesmo tempo, desde que não seja
possível fazê-la mentalmente, a pessoa tem que começar de algum ponto físico.
Se uma mulher é capaz de concentrar e manter a continuidade da experiência, ela
pode despertar sua energia para um alto nível.
De acordo com o Tantra, existem duas
diferentes áreas de orgasmo. Uma é na zona nervosa, a qual é a experiência
comum da maioria das mulheres, e a outra é no mūlādhāra-cakra.
Quando sahajolī é praticado durante o maithuna (o ato de união
sexual), o mūlādhāra-cakra desperta e o orgasmo espiritual ou tântrico
ocorre.
Quando a yoguinī pode praticar sahajolī
por digamos 5 a 15 minutos, ela poderá manter o orgasmo tântrico pelo mesmo
período de tempo. Mantendo essa experiência, o fluxo de energia é revertido. A
circulação do sangue e as forças simpáticas e parassimpáticas movem-se para
cima.
Neste ponto, ela transcende a consciência
normal e vê as luzes. É como se ela entrasse em um estado mais profundo de dhyāna.
A menos que a mulher possa praticar sahajolī, ela não poderá manter os
impulsos necessários para o orgasmo tântrico, e consequentemente terá o orgasmo
nervoso, o qual tem uma vida curta e é seguido por insatisfação e exaustão.
Esta é a mais frequente causa de histeria e
depressão nas mulheres. Assim, sahajolī é uma prática extremamente
importante para a mulher. Em uḍḍīyāna, nauli, naukāsana, vajrāsana
e siddha-yoni-āsana, sahajolī vem naturalmente.
A prática de amarolī é também muito
importante para a mulher casada. A palavra amarolī significa «imortal» e
por esta prática a pessoa é liberta de muitas doenças.
A prática de amarolī após um prolongado
período também produz um importante hormônio conhecido como prostaglandina a
qual destrói o óvulo e previne a concepção.
Guru tântrico
Justamente como no esquema da criação, Śakti é
a criadora e Śiva a testemunha de todo jogo, no tantra a mulher tem o status de
guru e o homem de discípulo. A tradição tântrica é verdadeiramente passada da
mulher para o homem. Na prática tântrica, é a mulher que dá a iniciação.
É somente por seu poder que o ato de maithuna
ocorre. Todas as preliminares são feitas por ela. Ela coloca a marca na testa
do homem e conta-lhe onde meditar. Na interação comum, o homem toma o papel
agressivo e a mulher participa. Mas no Tantra, eles trocam de papéis. A
mulher torna-se a operadora e o homem o seu mediador. Ela tem que poder
despertá-lo. Então, neste mesmo momento, ela deve criar o bindu e assim
ele pode praticar vajrolī. Se o homem perde seu bindu,
significa que a mulher falhou em desempenhar suas funções com propriedade.
No Tantra é dito que Śiva é incapaz sem Śakti.
Śakti é a sacerdotisa. Entretanto, quando vāmā-tantra é
praticado, o homem deve ter uma absoluta atitude tântrica em direção à mulher.
Ele não pode comportar-se com ela como os homens geralmente fazem com outras
mulheres. Ordinariamente, quando um homem olha uma mulher ele torna-se
apaixonado, mas durante o maithuna ele não deve! Ele deveria olha-la
como a mãe divina, Devī, e desenvolver com ela uma atitude de devoção e
rendição, não com luxúria.
De acordo com o conceito tântrico, as mulheres
são mais dotadas de qualidades espirituais e seria uma coisa sábia se a elas
fosse permitido assumir posições elevadas nas questões sociais. Então,
existiria maior beleza, compaixão, amor e compreensão em todas as esferas da
vida.
O que nós estamos discutindo aqui não é uma
sociedade patriarcal versus uma sociedade matriarcal, mas Tantra,
particularmente Tantra da Mão Esquerda.
O caminho dos yogīs e não bhogis
No Tantra, a prática do maithuna
é dita ser o mais fácil modo de despertar a suṣumṇā, porque ele envolve
um ato o qual a maioria das pessoas já estão acostumadas. Mas, francamente
falando, muito poucas estão preparadas para este caminho. A interação sexual
ordinária não é maithuna. O ato físico talvez seja o mesmo, mas o
conhecimento trazido é totalmente diferente.
No relacionamento entre marido e esposa, por
exemplo, existe dependência e posse, mas no Tantra cada parceiro é
independente, cada um consigo mesmo. Outra coisa difícil no sādhanā
tântrico é cultivar a atitude de não apaixonado. O homem tem que virtualmente
tornar-se brahmacarya para poder libertar a mente e as emoções dos
pensamentos sexuais e de paixão os quais normalmente despertam na presença de
uma mulher.
Ambos parceiros devem ser absolutamente
purificados e possuir auto-controle tanto interna e externamente, antes de praticarem
o maithuna. Isto é difícil para as pessoas comuns compreenderem porque
para a maioria das pessoas, a interação sexual é o resultado de paixão e
atração física e emocional, também para procriação ou prazer.
É somente quando você está purificado que estes
impulsos instintivos são ausentes. Isto é porque, de acordo com a tradição, o
caminho do dakṣṇa-mārga deve ser seguido por muitos anos antes de poder
entrar no caminho do vāmā-mārga. Então a interação do maithuna
não ocorre para a gratificação física. A proposta é muito clara – o despertar da
suṣumṇā, a subida da energia kuṇḍalinī do mūlādhāra-cakra,
e a explosão das áreas inconscientes do cérebro.
Se isto não está claro quando você pratica os kriyās
e a suṣumṇā se torna ativa, você não poderá encarar o despertar. Sua
cabeça ficará quente e você não poderá controlar a paixão e excitação porque
você não terá tranquilizado seu cérebro.
Entretanto, em minha opinião
somente aqueles que são adeptos do Yoga estão qualificados para o vāmā-mārga. Este
caminho não deve ser usado indiscriminadamente como um pretexto para
auto-indulgência. Ele é referido para maduros e sérios sādhakas, chefes
de família cuidadosos para despertar a energia potencial e obter o samādhi.
Eles devem utilizar este caminho
como um veículo do despertar, de outra forma ele torna-se um caminho de queda.
1 comentários:
Fernando,
Alguma escola de yoga que tu recomendarias aqui no RS (Rio Grande do Sul) ? Sou de Canoas/RS ao lado de Porto Alegre, então qualquer escola na região eu daria um jeito de participar.
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