Por Fernando Liguori
[Edição de
internet. Artigo publicado originalmente na Revista Yoga Vidyā, Vol. I,
No. 3, 2011. Kaula Yoga Publicações.]
Prāṇāyāma é o quarto aspecto do aṣṭāṅga-yoga de Patañjali na seqüência
de āsana (postura). Através da
prática de āsana o sādhaka transcende as limitações do
complexo corpo-mente e ganha uma profunda consciência interior dos kośas através do prāṇāyāma. Ademais, as técnicas de prāṇāyāma intensificam e desenvolvem a consciência do prāṇamaya-kośa. O despertar dos
diferentes prāṇas na estrutura física
e a remoção de bloqueios nos cakras
pavimenta o caminho para o despertar da kuṇḍalinī.
Em sânscrito a palavra prāṇa significa energia vital e āyāma
significa expandir. Assim, o significado
da palavra prāṇāyāma é expansão da energia vital. Contudo,
antes da realização ou efetivação do prāṇāyāma existe um estágio conhecido como prāṇa-nigraha. A palavra nigraha
significa controle, portanto, prāṇa-nigraha é o controle do prāṇa. Estes são os dois aspectos de prāṇāyāma segundo o Pātañjala Yoga.
Inicialmente, quando
começamos as práticas respiratórias, não é prāṇāyāma
que estamos praticando. Prāṇāyāma é o
resultado do controle total de todos os upa-prāṇas ou sub-prāṇas. Após
obter harmonia na estrutura fisiológica, quando o prāṇa é desperto no reino dos cakras,
então prāṇāyāma se inicia. É neste
contexto, por conta destes aspectos sutis e desconhecidos para maioria dos
praticantes, que temos de esclarecer as pré-concepções acerca do prāṇāyāma. Portanto, começaremos com prāṇa, depois abordaremos prāṇa-nigraha e finalmente prāṇāyāma.
1. Aspectos do prāṇa
Prāṇa ou energia vital é a
essência de todas as formas criadas e manifestas, sejam elas animadas ou
inanimadas. É a essência ou força que determina a existência da matéria e de
todos os elementos. A forma primordial do prāṇa
é conhecida como mahā-prāṇa. Este é o
aspecto transcendental e não manifesto do prāṇa,
seja de forma grosseira (śthūla) ou
sutil (sukṣma). Quando mahā-prāṇa é combinado com os atributos
de prakṛti (a natureza), torna-se
simplesmente prāṇa.
Portanto, prāṇa é a combinação de prakṛti e mahā-prāṇa operando juntos para criar a manifestação grosseira e
sutil. Deste prāṇa surge iḍā, a experiência prânica sutil (sukṣma) e piṅgalā a experiência prânica grosseira (śthūla). Um outro nome para iḍā
é cit-śakti, a força que governa as
dimensões sutis, enquanto que piṅgalā
também recebe o nome de prāṇa-śakti,
a força que governa a dimensão grosseira.
Desta manifestação
prânica surgem mais cinco manifestações. A primeira é o prāṇa físico ou a energia que se movimenta para cima. A segunda é apāna ou a energia que se movimenta para
baixo. A terceira é samāna ou a
energia que se movimenta lateralmente e que equilibra e distribui os dois vāyus acima citados. A quarta é udāna, a energia que se movimenta
circularmente. A quinta é vyāna, a
energia que permeia todo o corpo.
De forma breve, estes são
os cinco prāṇas relacionados a
dimensão física ou grosseira ou reino da experiência física. Iḍā e piṅgalā pertencem ao reino da experiência mental, sutil. O
resultado da interação entre prakṛti
e mahā-prāṇa é o reino físico do prāṇa. Assim, o primeiro aspecto, o
grupo dos cinco prāṇas, é físico; o
segundo aspecto, iḍā e piṅgalā, é mental; o terceiro aspecto, prāṇa, é psíquico ou causal; e o quarto
aspecto, mahā-prāṇa, é
transcendental.
Os cinco prāṇas – o aspecto físico
Começando a partir do
corpo, estes cinco prāṇas possuem
diferentes funções e fluxos.
1. Śthūla-prāṇa, a força que se move para cima, está situado na região
torácica, entre o diafragma e a garganta. Os órgãos físicos associados a este prāṇa são os pulmões, o coração, esôfago
e traquéia. O controle e a regulação das funções destes órgãos é uma função do prāṇa físico, bem como o trabalho de
inspiração e expiração.
2. Apāna, a força que se move para baixo, está situado na região
pélvica, entre o umbigo e o períneo. Esta energia é responsável pela eliminação
da matéria residual e toxinas do corpo. Apāna
controla as funções dos rins, bexiga, intestino grosso e órgãos urinários e
excretores, bem como a expulsão das fezes e urina.
3. Samāna, a força que se move lateralmente, está situado na região
abdominal, entre o diafragma e o umbigo. Essa energia equilibrante controla
todo o sistema digestivo. Os órgãos associados com samāna são o estômago, fígado, pâncreas, baço, duodeno e intestino
delgado. Todos os alimentos que ingerimos são assimilados devido ao trabalho de
samāna, que distribui os nutrientes
pelo corpo para que este possa ter saúde e vigor. A palavra sama ou samāna significa igual, uniforme ou constante. É o prāṇa que
distribui igualmente os nutrientes necessários para manutenção do annamaya-kośa (corpo físico).
4. Udāna, a força que se move circularmente, é responsável pelas
funções dos jñānendryas (órgãos dos
sentidos) e karmendryas (órgãos de
ação). Udāna situa-se nas pernas,
braços, pescoço e cabeça. Controla e coordena os movimentos das pernas, braços,
pescoço e dirige as atividades cerebrais e órgãos dos sentidos, situados na
região da cabeça: olhos (visão), ouvidos (audição), língua (paladar), nariz
(olfato) e pele (sensação tátil). Os órgãos de ação governados por udāna são três: mãos, pés e fala; os
outros dois, os órgãos excretor e urinário, estão sob o controle de apāna.
5. Vyāna, a força que permeia todo o corpo, é o reservatório do annamaya-kośa. Quando a gasolina prânica chega ao fim e não
existe um posto de reabastecimento, o
reservatório de vyāna é utilizado. Vyāna é a força prânica que entra em
atividade quando existe uma falha ou falta de energia vital no organismo, i.e.
nos outros quatro prāṇas. Ele é
conhecido como o segundo alento (vāyu). Freqüentemente, quando nos
encontramos fatigados, um ímpeto energético perpassa nosso organismo e nos
capacita a dar continuidade a nossas atividades. Essa é a experiência de vyāna.
A parte do aspecto
físico, estes cinco prāṇas são
conectados aos cakras. Apāna é responsável pelos dois centros
mais inferiores, mūlādhāra e swādhisṭhāna. Samāna é responsável pela experiência de dinamismo e vitalidade do maṇipūra. Anāhata e viśuddhi são
controlados por prāṇa. Ājñā, biṅdu e sahasrāra são
controlados por udāna. Vyāna é todo abrangente e perpassa todos
os cakras. Esta é a localização
fisiológica e os aspectos dos cinco prāṇas.
Em um nível físico, estes
cinco prāṇas – e mais especificamente
o prāṇa localizado na região torácica
– se relacionam com o processo de inspiração e expiração. As técnicas
respiratórias, conhecidas como prāṇāyāma,
estimulam e despertam estes cinco prāṇas
através do processo de controle da inspiração, expiração e retenção. Portanto,
a respiração está conectada com o prāṇa
em um sentido físico.
Iḍā e piṅgalā – o aspecto mental
Vamos abordar agora o
aspecto mental de nossas vidas, a experiência de iḍā e piṅgalā. Iḍā é a força mental, representada pela
lua ou energia lunar. O nome tradicional para iḍā é cit-śakti, a força
de citta. Todas as experiências
mentais que passamos na vida e as funções dos quatro aspectos da mente, i.e. manas, buddhi, citta e ahaṃkara, são controlados por iḍā, na medida em que permanecem mentais
em natureza, sem manifestarem interação física. O que você está experimentando
agora? Pensamentos, sensações, vibrações, criação de diferentes idéias e
imagens etc., tudo isso é o trabalho de cit-śakti,
a força de iḍā.
A força de iḍā é a energia sutil que controla manomaya e vijñānamaya-kośas, enquanto piṅgalā
controla annamaya e ānandamaya-kośas. O trabalho com as
posturas do Yoga (āsana) estende sua influência sobre annamaya, manomaya e prāṇamaya-kośas.
O trabalho com prāṇāyāma estende sua
influência no prāṇamaya-kośa. De prāṇamaya-kośa as forças de iḍā e piṅgalā alcançam todas as dimensões (kośas).
Os pensamentos e as
experiências mentais que permanecem confinadas no manomaya-kośa ou a dimensão mental até que se transformem em
experiências físicas são regidos pela atividade de iḍā. Desejos, pensamentos, emoções e sentimentos ganham forma e
vitalidade pela força de iḍā. Através
do sādhanā, o sādhaka adquire a experiência do vijñānamaya-kośa, o conhecimento e habilidade intuitiva. Isso
também está sob as funções de iḍā, a
força mental. Portanto, a experiência de iḍā
envolve manomaya e vijñānamaya-kośas.
A experiência de piṅgalā ou força vital primeiro ocorre
como vitalidade física no annamaya-kośa.
Resistência e força física, relaxamento e tensão, são aspectos físicos da
energia de piṅgalā. A consciência que
permanece em um profundo estado de meditação quando se experiência ānandamaya-kośa após a dissolução de
todos os saṃskāras e karmas, é o resultado do despertar de piṅgalā. Até mesmo em samādhi, onde há um estado elevado de
consciência pura, existe a energia de piṅgalā.
Este é o aspecto sutil do prāṇa.
O Yoga sustenta que as áreas sutis e experiências da mente podem ser
controladas através das práticas de prāṇāyāma.
Vamos nos lembrar que prāṇāyāma é a
expansão do prāṇa e não o controle da respiração. Práticas como nāḍī-śodhana, bhrāmarī, bhastrikā e kapālabhāti são técnicas de prāṇa-nigraha e não prāṇāyāma propriamente dito.
Kuṇḍalinī – o aspecto causal
Após o aspecto sutil do prāṇa vem o aspecto causal, a combinação
de prakṛti e mahā-prāṇa. Esta é a área psíquica onde a kuṇḍalinī se manifesta, pois a kuṇḍalinī
representa a energia manifesta que passou por várias transformações, da mais
sutil a mais grosseira. A reversão deste processo, genericamente conhecido como
o despertar da kuṇḍalinī, é dirigido
ou movimentado pelo aspecto causal do prāṇa.
Quando todos os cakras estão em pleno
funcionamento, quando as passagens prânicas estão limpas, então a kuṇḍalinī é desperta. Quando o despertar
espiritual ocorre e a kuṇḍalinī
ascende do mūlādhāra através dos
diferentes cakras até o sahasrāra, pode-se dizer que isso ocorre
na dimensão onde mahā-prāṇa une-se a prakṛti. Portanto, a kuṇḍalinī é a expressão da combinação de
prakṛti e mahā-prāṇa. Mahā-prāṇa é
o estágio final do esplendor no sahasrāra.
2. Prāṇa-nigraha
A palavra nigraha significa controle de e prāṇa
significa energia vital. Portanto, prāṇa-nigraha é o controle da energia vital. Essa energia vital pode ser concebida de
um ponto de vista físico bem como de um ponto de vista prânico. O aspecto
físico lida com o controle do ar e o aspecto prânico lida com o controle do
movimento da energia vital que ocorre nos níveis do prāṇa, apāna e samāna.
Primeiro vamos tratar do
aspecto físico. Quando nós falamos de prāṇa
no corpo físico como algo que se manifesta, nossa atenção é automaticamente
direcionada para respiração. Existem certos movimentos dentro da tradição do Yoga que lidam especificamente com prāṇāyāma, como é o caso de swara-yoga, que dizem que a respiração
normal é a manifestação externa da
energia vital. Portanto, é imperativo
que nós saibamos como respirar adequadamente. A respiração correta provê
oxigênio, vigor e resistência para todo o corpo. Ela também aprofunda a
consciência do fluxo prânico em todos os canais energéticos (nāḍīs).
Na descrição fisiológica
do prāṇāyāma, as práticas começam com
i. consciência da respiração, ii. expansão da respiração e iii. Direcionamento da respiração dentro do
corpo, como por exemplo, a passagem psíquica frontal que vai do abdômen a
garganta ou do abdômen ao ājñā-cakra ou a passagem psíquica espinhal que vai do
mūlādhāra ao ājñā-cakra. Uma vez que estes três passos sejam desenvolvidos
com proficiência, vem o quarto, a alteração do fluxo da respiração nas narinas.
Este quarto passo é importantíssimo, principalmente em swara-yoga, a ciência tântrica da respiração cerebral.
A purificação das vias
aéreas para que não haja dificuldades ou impedimentos na respiração é uma das
primeiras considerações na prática do prāṇāyāma.
Portanto, como uma regra geral em prāṇāyāma,
nós sempre sugerimos que qualquer prática
respiratória deve ser iniciada com a narina que está fluindo mais ar, e não
necessariamente com a esquerda ou direita. A inspiração deve se iniciar na narina que está fluindo mais ar, seja
direita ou esquerda, e a expiração na narina que está mais bloqueada.
Consciência, expansão, direcionamento e alternância da respiração são práticas
de prāṇa-nigraha. Seja lá qual a
prática nós executemos, nāḍī-śodhana,
bhrāmarī, bhastrikā, kapālabhāti, sūrya-bhedana, candra-bhedana, śītalī, sītkārī ou ujjāyī, o propósito fundamental é se transformar consciente do
processo respiratório e então expandi-lo.
Expansão da respiração
Normalmente, devido ao
estado dissipado das energias prânicas, nossa respiração é muito curta. Temos a
tendência de respirar mais pela região torácica do que pelo abdômen. Essa
respiração curta na região torácica não é aceita pelo Yoga porque ela não utiliza a capacidade total dos pulmões.
Contudo, movimentando o diafragma com a respiração, acessamos a parte inferior
dos pulmões, nos capacitando a experimentar uma quantidade maior de ar.
Utilizar toda capacidade pulmonar é um ponto essencial nas práticas do Yoga, pois dessa maneira uma maior
quantidade de energia é captada e distribuída pelo organismo.
Tradicionalmente,
iniciamos as práticas respiratórias no Yoga
com a respiração abdominal, pois isso aumenta a consciência do ar na parte
inferior dos pulmões. O diafragma e o abdômen trabalham como uma bomba que suga
e expulsa o ar. Com essa prática adquire-se proficiência na expansão da
respiração, tanto na inalação quanto na exalação, modificando o padrão
respiratório. Posteriormente, novas proporções são adicionadas a fim de
aumentar gradualmente a expansão da respiração sem desconforto até que ela
possa ser completamente controlada. Se tentarmos respirar devagar e
profundamente sem o devido treinamento, os pulmões se esgotarão rapidamente.
Portanto, a proporção respiratória deve ser aumentada gradativamente. Em um
primeiro estágio, inspiração e expiração devem ter a mesma proporção, por
exemplo, 5:5, como em nāḍī-śodhana.
Com desenvolvimento, a expiração deve ter duas vezes a proporção da inspiração,
5:10. Dessa maneira, aumenta-se a expansão respiratória pela força e vigor do
diafragma e pulmões já treinados, de forma que não haja tensão, fadiga ou
desconforto nos estágios mais avançados de prāṇāyāma.
É dito que uma pessoa que
adquiriu maestria em prāṇāyāma
respira uma vez a cada minuto. Nós respiramos de dez a quinze vezes por minuto.
Mas é possível ganhar controle sobre os processos respiratórios para que, ao estarmos
caminhando, ao estarmos sentados, trabalhando ou nos divertindo, possamos
inspirar por trinta segundos e expirar por mais trinta segundos. Tornando este
o padrão de nossa respiração.
Para alcançarmos este
controle respiratório, a proporção final deve ser correspondente a extensão do gāyatrī-mantra. Isso é executado da
seguinte maneira: uma inspiração lenta e estável com repetição do gāyatrī-mantra, que possui vinte e
quatro mantras ou contas; retenção
interna com repetição de quatro gāyatrīs,
noventa e seis contras; expiração com repetição de dois gāyatrīs, quarenta e oito contas; e retenção externa com repetição
de dois gāyatrīs, novamente, quarenta
e oito contas. Essa proporção de 1:4:2:2 é a ideal: um (inspire); quatro
(retenha internamente o ar); dois (expire); dois (retenha externamente o ar).
Alcançar este nível de controle respiratório pode levar anos, mas este é o
estágio final em que prāṇāyāma pode
ser aperfeiçoado fisicamente. Dessa maneira a expansão respiratória pode ser
adquirida para que não haja desconforto, tensão ou fadiga nas práticas mais
profundas de prāṇāyāma e swara-yoga.
Efeitos do prāṇāyāma nos três prāṇas
Aqui nós temos dois
importantes aspectos do prāṇa, i.e. a
geração de calor e frio. Samāna, a
força responsável pela digestão e distribuição dos nutrientes ou energia as
diferentes partes do corpo, é responsável pela geração de calor. As práticas de prāṇāyāma que geram calor no
corpo estimulam e ativam samāna. Por exemplo, bhastrikā, a respiração fole, expande e contrai o estômago
continuamente, estimulando a força de samāna
na região abdominal. Práticas de prāṇāyāma
como esta causam suor e aumentam a pressão sanguínea. Portanto, a vitalidade
corporal, no que concerne a ciência prânica, está associada ao despertar de samāna.
Por outro lado, nós temos
as práticas de prāṇāyāma que esfriam
o corpo. São práticas que reduzem a pressão sanguínea e a hiperatividade. Aqui
o processo respiratório é feito através da boca, o que conecta a respiração com
a força de apāna. Portanto, temos prāṇāyāmas refrigerantes como śītalī, onde a língua forma um tubo por
onde o ar é sugado ou o sītkārī, onde
o ar é sugado através dos dentes cerrados. Dessa maneira, o prāṇa situado na região torácica não é
utilizado, estimulado ou desperto em qualquer dessas práticas: bhastrikā, kapālabhāti, śītalī ou sītkārī. Estes prāṇāyāmas operam somente com a energia de samāna e apāna. A
ativação de samāna é a ativação do maṇipūra e do plexo solar. A ativação de
apāna é a ativação do mūlādhāra e do plexo sacral, também
conectado ao swādhisṭhāna-cakra.
Kumbhaka, a retenção da respiração, seja ela
interna ou externa, é o único método pelo qual o prāṇa é estimulado ou desperto. Se segurarmos a respiração e nos
concentrarmos, rapidamente notaremos uma sensação de aquecimento na região
torácica. Não experimentaremos esse calor na região do maṇipūra. O calor gerado no maṇipūra
opera com samāna e é dissipado por
todo o corpo. Mas o calor gerado no nível do prāṇa, na região torácica, não se dissipa; ele permanece ali.
Quando este calor é experienciado, estimulado e intensificado pela execução da kumbhaka, a ativação do prāṇa será conectada com o despertar de samāna e apāna.
Em seu Yogasūtra, o sábio
Patañjali mencionou diferentes tipos de prāṇāyāma,
mas ele foi muito breve e simples em sua descrição. Ele disse que inspiração,
expiração e retenção do ar são os três tipos de prāṇāyāma. Quando as pessoas
lêem suas observações, elas pensam que o processo físico de inspiração,
retenção e expiração representa os três tipos de prāṇāyāma referidos por ele,
mas este não é o caso. Patañjali se referia ao despertar dos três prāṇas.
Retenção corresponde a força do prāṇa,
inspiração corresponde a força de samāna
e expiração corresponde a força de apāna.
Assim, de acordo com o sūtra de
Patañjali (II:50), o controle dos três prāṇas
é prāṇāyāma, o qual podemos chamar de
prāṇa-nigraha.
Em kuṇḍalinī-yoga outra
referência da relação entre estes três prāṇas
e prāṇāyāma é encontrada. Kuṇḍalinī-yoga descreve o processo de
despertar da kuṇḍalinī como a
reversão dos fluxos naturais de prāṇa
e apāna e seu encontro na região de samāna ou maṇipūra. Normalmente, apāna
flui para baixo e prāṇa flui para
cima em um processo de repulsão. No centro do corpo ocorre o fluxo lateral de samāna. Assim, quando o fluxo de prāṇa e apāna é revertido e as três forças se integram na região de samāna, a kuṇḍalinī desperta. Esta explicação é apenas uma referência que
explica mais detalhadamente o processo de inspiração, expiração e retenção como
os três tipos de prāṇāyāma
mencionados por Patañjali.
A respiração tem um papel fundamental, pois ela promove a consciência do prāṇa. Através da respiração nós podemos
direcionar a força prânica a um determinado ponto. Contudo, nas práticas mais
avançadas de prāṇāyāma, a técnica
respiratória por si mesma não é suficiente. Há diferentes técnicas como prāṇa-vidyā, bandha e mudrā que devem
ser combinadas com os aspectos mais avançados de prāṇāyāma.
Condutores de prāṇa
O sistema de nāḍīs descritos nos
ensinos de prāṇāyāma não corresponde
ao sistema de nervos do corpo físico, mas ao corpo bioplasmático. A palavra nāḍī não significa nervo, mas fluxo ou algo
que está fluindo. As nāḍīs são canais através dos quais a
energia ou prāṇa flui. Portanto, os
caminhos por onde a energia percorre no corpo prânico são as nāḍīs. O kuṇḍalinī-yoga descreve o medhra
ou plexo do corpo prânico do qual todas as nāḍīs
emanam. Esse plexo se situa na região entre o mūlādhāra e o swādhisṭhāna-cakra.
As escrituras ensinam que deste plexo emanam setenta e duas mil nāḍīs. Elas são condutoras da energia
prânica distribuída por todo o corpo.
Destas setenta e duas mil nāḍīs,
que incluem os maiores e menores fluxos, apenas setenta e duas são consideradas
importantes. Destas setenta e duas nāḍīs,
que carregam o prāṇa e seus vāyus correspondentes, os upa-prāṇas, apenas dez são consideradas
importantes. Estas dez nāḍīs
principais se localizam na coluna espinhal e perpassam cada um dos cakras. Elas carregam dez manifestações
diferentes do prāṇa. As cinco
maiores: śthūla-prāṇa, apāna, samāna, udāna, vyāna, e os cinco prāṇas menores: nāga, kūrma, kṛkara, devadatta e dhanañjaya.
Estes prāṇas menores são
responsáveis por ações como arroto, vomito e soluço; piscar e o fechamento e a
abertura das pálpebras; fome, sede, espirro e tosse; sono e bocejo;
decomposição, desintegração do organismo morto. As atividades automáticas sobre
as quais não possuímos controle são reguladas por estes prāṇas menores, conhecidos como vāyus.
Portanto, os cinco prāṇas e os cinco vāyus fluem por estes dez canais que
emanam desde o medhra ou plexo das nāḍīs na região entre o mūlādhāra e o swādhisṭhāna-cakra. Eles conectam os sete cakras e se movem continuamente do mūlādhāra ao sahasrāra
como um agrupamento de nervos.
Destes dez fluxos prânicos, três são os mais importantes: iḍā, piṅgalā
e suṣumṇā. Tanto iḍā e piṅgalā são nāḍīs mas, ao mesmo tempo, elas
representam a ação do prāṇa nos
níveis físico e mental. Então nós temos iḍā-nāḍī
e a força de iḍā, bem como piṅgalā-nāḍī e a força de piṅgalā. O canal e a força que ele
carrega são duas coisas diferentes. Portanto, quando nós falamos de iḍā temos de especificar ao que estamos
nos referindo, se é iḍā-nāḍī ou a
força de iḍā.
Iḍā e piṅgalā-nāḍīs fluem desde o mūlādhāra ao ājñā-cakra.
O prāṇa que elas conduzem é tanto
sutil quanto grosseiro, é tanto mental quanto físico. Assim, quando nós falamos
de iḍā e piṅgalā como forças prânicas, estamos nos referindo aos dois
aspectos do prāṇa que são ativo e
passivo pro natureza. Quando nós falamos de iḍā
e piṅgalā-nāḍīs, estamos nos referindo as passagens prânicas que emanam desde
o mūlādhāra e terminam no ājñā-cakra. A força passiva flui por iḍā-nāḍī
e a ativa por piṅgalā-nāḍī.
Efeitos da respiração
alternada pelas narinas
Os yogīs têm dito que o processo
normal da respiração está conectado com estas duas nāḍīs e forças. Isso nos soa bem lógico porque quando nós checamos
o fluxo da respiração, descobrimos que uma narina está mais aberta que a outra.
Até o momento nenhum fisiologista foi capaz de explicar porque nós temos duas
narinas, na medida em que a função de ambas é inspirar e expirar. Ninguém foi
capaz de responder esta indagação e nós deveríamos considerá-la. Se o propósito
das narinas é apenas inspirar e expirar, então deveria haver apenas uma e não
duas. Mas acreditamos que não era isso que Deus considerava no momento da
criação humanóide. Ele, de alguma maneira, criou uma ligação invisível entre os
dois fluxos respiratórios das narinas e as forças de iḍā e piṅgalā.
Essa especulação está sendo feita porque o fluxo de ar em cada narina cria
um determinado tipo de estado físico ou mental. Em termos científicos nos
referimos a estas atividades como os sistemas simpático e parassimpático. É
algo que podemos experimentar a todo instante. Quando estamos com sono ou
letárgicos notamos que a narina esquerda está fluindo mais ar. Quando estamos
ativos física ou mentalmente, notamos que o fluxo de ar está predominante na
narina direita. Por que esta mudança ocorre e qual é a conexão entre essa
mudança e a condição física e mental, por exemplo, no estado de sonolência ou
no estado de atividade?
Portanto, os yogīs descobriram
que existe uma conexão entre as narinas e as nāḍīs. Assim, quando o fluxo de ar é regulado em uma narina, ele
irá estimular, despertar e vitalizar sua força prânica correspondente. A fim de
manipular o corpo prânico ou bioplamático e intensificar sua experiência, a
alteração e o controle do ar nas narinas é utilizado.
Piṅgalā, que flui pela narina direita,
corresponde ao aspecto físico da vida. Ela é regulada pelo sol e portanto é
conhecida como força solar. É positiva e masculina por natureza e está
associada ao sistema nervoso simpático. Iḍā,
que flui pela narina esquerda, representa a polaridade oposta. É regulada pela
lua, a força negativa ou lunar. É feminina e fria por natureza e está associada
ao sistema nervoso parassimpático. Iḍā
e piṅgalā representam a dualidade das
forças prânicas.
Com o controle físico da respiração pela expansão e alternância do fluxo
aéreo nas narinas, certas mudanças prânicas ocorrem. Essas mudanças prânicas
ajudam a limpar os bloqueios existentes nas nāḍīs.
Por exemplo, nāḍī-śodhana-prāṇāyāma é
uma técnica que purifica as nāḍīs
removendo seus bloqueios. Nessa prática começamos a expandir e alternar o fluxo
da respiração pelas narinas até que possamos experimentar um estado de paz e
tranqüilidade. Depois desenvolvemos a habilidade de reter a respiração.
Nāḍī-śodhana significa purificação das nāḍīs. Śodhana
significa purificação ou penetração e nāḍī, como vimos anteriormente, significa fluxo prânico. Portanto, essa prática, que é simples em seus
estágios iniciais, mas que se torna complexa e difícil em seu estágio final,
tem a função de limpar os bloqueios prânicos das passagens iḍā e piṅgalā através da
alteração do fluxo de ar pelas narinas na inspiração e expiração. Isso cria um
equilíbrio no fluxo respiratório e nas correspondentes atividades física e
mental.
O despertar do prāṇa e de
suṣumṇā
Quando este equilíbrio é conquistado, o despertar do prāṇa ocorre. Os yogīs
têm dado o nome de despertar do prāṇa
aos efeitos ou a conquista de prāṇa-nigraha.
Quando as forças de iḍā e piṅgalā começam a fluir regularmente,
ritmicamente e continuamente, e nenhum bloqueio ou desconforto fisiológico é
encontrado no processo respiratório, então passamos a um estágio chamado prāṇotthana, que significa o despertar dos prāṇas, mais
especificamente, o despertar de dois prāṇas,
iḍā e piṅgalā.
Quando o despertar dos dois prāṇas,
iḍā e piṅgalā, ocorre, a terceira nāḍī
ou força, conhecida como suṣumṇā,
desperta. O despertar desta terceira nāḍī
é uma das conquistas mais almejadas na ciência do prāṇāyāma, kriyā e kuṇḍalinī-yoga. É apenas quando a suṣumṇā é desperta que prāṇāyāma realmente começa.
Até que isso ocorra a purificação de iḍā
e piṅgalā continua no nível de prāṇa-nigraha. Com o despertar de suṣumṇā a prática de prāṇāyāma e a expansão do prāṇa ocorre dentro da estrutura
prânica. Portanto, a extensão de nosso esforço físico é limitada a prāṇa-nigraha. Até mesmo com a
purificação das nāḍīs e o despertar e
equilíbrio de iḍā e piṅgalā, não haverá expansão no campo
prânico. O campo prânico se expande apenas quando suṣumṇā desperta e dá início verdadeiramente ao prāṇāyāma.
3. Prāṇāyāma
A expansão do prāṇa ocorre em
três estágios. O primeiro estágio é a reversão do fluxo de apāna, o segundo estágio é a reversão do fluxo de prāṇa e o terceiro estágio é a expansão
da energia prânica na região de samāna.
Como mencionado anteriormente, no nível de prāṇa-nigraha,
apenas três prāṇas são considerados importantes:
apāna, a força que se move para
baixo, prāṇa, a força que se move
para cima e samāna, a força que se
movimenta lateralmente. Estes três prāṇas
são os únicos afetados diretamente quando chegamos ao estágio de prāṇāyāma, que segue prāṇa-nigraha. Uma vez que tenhamos
adquirido controle sobre o processo respiratório e pudermos expandir e reter a
respiração com controle total, sem brevidade respiratória durante o processo de
pūraka (inspiração), rechaka (expiração) e kumbhaka (retenção), então o primeiro
estágio de prāṇāyāma, a reversão de apāna, pode acontecer.
Primeiro estágio: A energia de apāna, que flui para baixo, é completamente revertida para cima do mūlādhāra ao maṇipūra. Os textos yogīs
atestam que neste estágio a inspiração e a reversão de apāna ocorre através do canal iḍā.
É por isso que geralmente é dito que nós deveríamos começar a prática de prāṇāyāma com a narina esquerda, i.e. iḍā-nāḍī. Mas no estágio de prāṇa-nigraha, onde nós estamos tentando
apenas conquistar a consciência, controle e expansão da respiração, não importa
realmente com qual narina começamos a prática. A reversão de apāna ocorre através de iḍā-nāḍī, inspirando através de iḍā e sentindo o fluxo da reversão de apāna desde o mūlādhāra até o maṇipūra,
conduzindo a energia para cima pela passagem de iḍā. Contudo, para alcançar este nível onde é necessário
sensibilizar a consciência para sentir a subida do fluxo de apāna do mūlādhāra ao maṇipūra, é
necessário, talvez, meses de prática.
Segundo estágio: A energia de prāṇa, que normalmente flui para cima na região torácica, é
revertida para baixo do viśuddhi ao maṇipūra. Esse processo ocorre na
expiração onde há a consciência do prāṇa
se movendo para baixo através de piṅgalā-nāḍī
do viśuddhi ao maṇipūra.
Terceiro estágio: Aqui os três prāṇas se integram. Apāna,
prāṇa e samāna se encontram na região do maṇipūra com a prática de kumbhaka,
a retenção de ar. Quando as energias de apāna
e prāṇa se integram na região de samāna, ocorre a culminação de prāṇāyāma. No momento da kumbhaka deve haver total consciência do
maṇipūra, não na forma de cakra, mas na forma de agni-maṇḍala. Agni significa fogo e maṇḍala significa zona ou área, portanto, agni-maṇḍala significa zona de fogo.
Quando existe maestria sobre os processos de kumbhaka e o aspirante é capaz de reter o ar por um longo período
de tempo, digamos pela duração de quatro ou oito gāyatrīs, dhāraṇā deve
ser praticada sobre agni-maṇḍala.
Quando a concentração é conjugada com prāṇāyāma,
então os três prāṇas se fundem em um
e ativam os outros dois, udāna e vyāna. Quando os cinco prāṇas são ativados simultaneamente, a kuṇḍalinī desperta. Este é o processo
final da expansão do prāṇa, o
terceiro estágio de prāṇāyāma. Não existem
instruções práticas escritas sobre como praticar este último estágio. Somente
instruções verbais são dadas ao aspirante pelo mestre que vê o progresso e
perfeição na técnica.
Indicações de
proficiência em prāṇāyāma
Muitos textos yogīs descrevem a proficiência
em pūraka, rechaka e kumbhaka no
processo do prāṇāyāma. No momento de pūraka, a inspiração, quando apāna ascende por iḍā-nāḍī existe uma incrível sensação de refrescância. É como se
todo o ser entrasse em um estado de hibernação, um sentimento de interiorização
total. É o último estágio da retração sensorial que uma pessoa pode
experimentar em um nível físico. Nós conhecemos pessoas que após um mês de
práticas intensas de prāṇāyāma
mudaram completamente seu estado. Elas se tornaram mais introspectivas e
quietas na medida em que se aprofundavam mais e mais sem seu campo prânico.
Essa é a indicação física da reversão de apāna
através de iḍā-nāḍī.
Os textos yogīs também atestam
que no momento de rechaka, a
expiração, quando prāṇa é revertido,
existe um sentimento de vazio total, onde nada aparece na superfície da mente.
A mente se torna absolutamente branca. Não existe nenhum tipo de absorção do
mundo de nome, forma ou idéia. O que existe é a sensação total de śūnyata, como se toda energia estivesse
deixando a cabeça, o centro ativo pensante, ocorrendo apenas uma integração na
região do maṇipūra. Assim, a mente
normal que vê, experimenta e pensa não existe neste nível. É muito difícil
decifrar este estado em palavras, pensamentos, idéias, desejos ou emoções. O
que quer que aconteça, está muito longe da cognição normal, cotidiana. O corpo
se move como uma marionete, como se alguém o estivesse manipulando.
A dificuldade aqui se encontra no fato de que muitos praticantes não são
conscientes das mudanças fisiológicas e psicológicas que ocorrem devido a
prática do prāṇāyāma, o que faz com
que eles se tornem receosos e interrompam a prática para que retornem ao estado
normal. É por isso que as técnicas mais avançadas de prāṇāyāma sempre foram mantidas em segredo pelos mestres. Trinta
anos atrás as pessoas não sabiam o que eram prāṇāyāmas
e mesmo agora elas ainda não compreendem os aspectos esotéricos desta ciência.
As pessoas consideram prāṇāyāma como
a simples abertura de uma narina e o fechamento da outra. Não é possível que
nós avancemos além do que aqui foi dito, pois o processo de reversão
psicológica e as manifestações físicas que dele resultam só podem ser
acompanhados por um guia competente. Se uma pessoa tenta avançar nestas
práticas sem o auxílio de um professor qualificado, é possível que perca o
equilíbrio mental e o controle sobre suas manifestações energéticas, que podem
começar vagar a ermo em sua constituição prânica.
Em kumbhaka, quando prāṇa e apāna se integram no maṇipūra,
a região de agni-maṇḍala, todas as
propensões mentais (vṛttis) cessam
seu funcionamento. Toda a consciência, a percepção mental e a estrutura prânica
cortam sua conexão com o corpo físico. O que sucede a isso é a interrupção
total dos vṛttis. Contudo, essa
cessação dos vṛttis não é o objetivo
do prāṇāyāma. É apenas uma indicação
de que o praticante adquiriu perfeição nas técnicas de prāṇāyāma e agora já pode passar a próxima etapa.
Não pense que a injunção de Patañjali concernente ao controle dos
movimentos da consciência (citta-vṛttis)
pode ser conquistada através do prāṇāyāma.
Na prática final de prāṇāyāma, a
mente e suas percepções e o prāṇa e
suas manifestações são integrados em um ponto. Por conta desta integração não
há consciência do que está acontecendo em outros níveis. A pessoa sente-se como
uma marionete. Não é possível racionalizar ou ver logicamente o que é justo ou
injusto. Mas esta é uma fase temporária, assim dizem as escrituras.
Este terceiro aspecto do prāṇāyāma,
a integração e o despertar do corpo prânico, ocorre no tempo de algumas semanas
e depois o praticante passa a uma próxima etapa. Não é algo que dura meses e
meses, anos e anos, e nem é uma condição a ser almejada. É como a faísca da
vela de um carro dando início a ignição. Uma vez que a ignição tenha se
iniciado, a chispa da vela pára. Assim, essa retração da consciência, energia,
percepção e outras faculdades mentais são como a faísca da vela de ignição. Uma
vez que o gerador prânico comece a funcionar, todas as faculdades retraídas
retornam ao seu estado normal.
Quando este último estágio do prāṇāyāma
é aperfeiçoado, ocorrem experiências físicas, mentais, psíquicas e espirituais.
Em um nível físico há duas grandes indicações. Uma delas é boa digestão. Agni-maṇḍala se torna completamente
ativa. O praticante pode comer qualquer coisa sem problema algum. Yogīs que se tornaram proficientes em prāṇāyāma podem digerir até mesmo veneno
sem nenhum tipo de efeito. A segunda indicação física é a leveza corporal, que
se manifesta como a siddhi da
levitação. Estas são as duas indicações físicas que se manifestam quando o
praticante aperfeiçoou a arte do prāṇāyāma.
Em um nível mental, as vṛttis
são controladas. O nāda ou som psíquico pode ser escutado, não só
durante a prática de prāṇāyāma ou dhyāna, mas até mesmo quando se está
caminhando, comendo ou conversando com alguém. As profundezas do ser se abrem e
o praticante se torna consciente da vibração que controla todo o corpo. Quando
os prānas são ativados ele se torna
consciente de seus movimentos e do som que produzem; esta é a manifestação do nāda. É por isso que prāṇāyāma é a técnica que precede pratyāhāra, dhāraṇā e dhyāna. Este
último aspecto de prāṇāyāma é muito
sutil e se pudermos nos aprofundar nele, é possível experienciá-lo em questão
de segundos.
Referência bibliográfica
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